A Toyota Hilux pode ser taxada como um fenômeno no Brasil. Lançada em 2004 em sua sétima geração, a picape média segue na vice-liderança do segmento. Por enquanto, apesar de seus 11 anos de mercado, não há previsão de uma oitava geração do modelo. Mas a marca japonesa ampliou recentemente a gama de ofertas do comercial leve. E a medida já surtiu efeito. Em dezembro do ano passado, a Hilux tinha 25,3% de share na categoria, contra 29,7% da primeira colocada, a Chevrolet S10. Mas os primeiros dois meses de 2015 já mostram uma diferença de menos de 1% entre as concorrentes, tendo a líder emplacado 5.902 unidades e a vice, 5.735 exemplares. E uma de suas novas versões, lançada no final de 2014, vem ajudando a diminuir essa diferença. Trata-se da SRV Flexfuel 4X2 AT, que chegou com a difícil missão de rivalizar com a Ford Ranger Limited Flex e a Chevrolet S10 LTZ Flex, ambas focadas no consumidor urbano.

Toyota Hilux SRV Flex 4x2

O propulsor que equipa a nova SRV é o mesmo 2.7 litros capaz de rodar com etanol e gasolina e entregar até 163 cv e 25 kgfm de torque máximo em 3.800 giros das outras versões. O trem de força é completado pela transmissão automática de cinco marchas e é responsável por mover nada menos que os 1.830 kg – em ordem de marcha – da versão. A nova configuração, que incorporou a tração 4X2 à motorização bicombustível, se posicionou como a picape média equipada com câmbio automático e 4X2 mais barata do país, ao preço inicial de R$ 104.900.

Traseira da picape

Por esse valor, ela já sai de fábrica com alguns itens típicos de carros de passeio de luxo. Como ar-condicionado digital, bancos de couro e do motorista com ajustes elétricos, computador de bordo, retrovisores, vidros e travas elétricos, sistema multimídia com tela de 6,1 polegadas e sensível ao toque com GPS, Bluetooth, CD e câmera de ré. A concorrente Chevrolet S10 LTZ 2.5 flex é mais barata, começando em R$ 97.700, mas sem opção de câmbio automático – embora seja mais potente, com 206 cv. Já a Ford Ranger Limited Flex parte de R$ 113.800, com motor 2.5 de 173 cv e seis airbags.

Detalhe dos faróis e parachoque dianteiro

O bom custo benefício – aliado à tradição de confiabilidade mecânica que a marca Toyota carrega no Brasil – se destaca inclusive sobre a opção equivalente com motor diesel. A SRV 3.0 Turbodiesel com câmbio automático parte de R$ 151.790. E a não ser que o comprador use o modelo com grande intensidade e por muitos anos, a diferença não compensa em termos financeiros. Mesmo com o consumo altamente favorável. Até existem benefícios em termos de desempenho e manutenção, mas a conta final permanece bem distante do modelo flex.

Interior da Hilux SRV Flex

Impressões ao dirigir

As picapes médias evoluíram e isso é inegável. Hoje em dia, exceto pelas dimensões avantajadas, são poucas as diferenças entre os modelos com caçamba e cabine dupla e os carros de passeio, no que diz respeito ao conforto e à direção. Com a Toyota Hilux SRV Flexfuel 4X2 não é diferente. O espaço é suficiente para transportar com folga quatro passageiros e um quinto elemento não prejudica tanto o conforto em trajetos mais curtos. Comodismos como o sistema multimídia com tela sensível ao toque e GPS e ar-condicionado digital afastam a vocação profissional do veículo. Mesmo o tamanho exagerado para uso urbano, que se manifesta principalmente nas pequenas manobras de estacionamento, se ameniza com o auxílio de recursos tecnológicos, como a câmera de ré.

Toyota Hilux SRV 4x2 Flex

O propulsor 2.7 VVT de 163 cv e 25 kgfm de torque move os 1.830 kg da versão com eficiência. Não há sobras, mas também não há falta de força. O torque, apesar de bom, só aparece plenamente em 3.800 rpm, mas nem por isso as saídas de sinal, retomadas ou ultrapassagens decepcionam. O câmbio automático ainda tem posições específicas para ladeiras íngremes e outras situações em que seja necessária uma rotação mais alta que a normal. Mas o desempenho próximo ao de um carro de passeio cobra seu preço no consumo de combustível. Com gasolina no tanque e em trajeto que mesclou vias urbanas com estradas, a média apontada pelo computador de bordo durante o período da avaliação foi de 5,5 km/l. Melhor ficar amigo do frentista – terão muitas ocasiões para por a conversa em dia.

Visão lateral da picape

Ficha técnica

Toyota Hilux SRV Flexfuel 4X2 AT

Toyota Hilux SRV Flex 4x2

MotorBicombustível, dianteiro, transversal, 2.694 cm³, com quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro e comando variável de válvulas na admissão. Acelerador eletrônico e injeção multiponto
Potência máxima163 cv com etanol e 158 cv com gasolina a 5 mil rpm
Torque máximo25 kgfm com etanol/gasolina a 3.800 rpm
Taxa de compressão12:1
TransmissãoAutomática de cinco velocidades a frente e uma a ré: Tração 4X2 com diferencial traseiro com deslizamento limitado
SuspensãoDianteira independente, com braços duplos triangulares, molas helicoidais e barra estabilizadora. Traseira eixo rígido, molas semi-elípticas de duplo estágio
Pneus265/70 R16
FreiosDiscos ventilados na frente e tambor atrás. Oferece ABS com EBD
CarroceriaPicape em chassi sobre longarina com quatro portas e cinco lugares. Com 5,26 metros de comprimento, 1,83 m de largura, 1,86 m de altura e 3,08 m de distância entre-eixos. Oferece airbags frontais de série
Peso1.830 kg em ordem de marcha
Capacidade de carga730 kg
Tanque de combustível80 litros
ProduçãoZárate, Argentina
Lançamento da versão no Brasil2014
Itens de sérieAcendimento automático dos faróis, ar-condicionado digital, banco do motorista com ajustes elétricos, computador de bordo, retrovisores, vidros e travas elétricos, bancos em couro, sistema multimídia com tela de 6,1 polegadas e sensível ao toque com GPS, Bluetooth, CD e câmera de ré, volante multifuncional, faróis de neblina e alarme
PreçoR$ 104.900

Motor rende até 163cv com etanol

Autor: Márcio Maio (Auto Press)
Fotos: Isabel Almeida/Carta Z Notícias