A vida não é fácil para sedãs médios no Brasil. Além da liderança acachapante do Toyota Corolla – que respondeu por 66 mil das 150 mil vendas no segmento ano passado –, nos últimos tempos passaram a enfrentar a concorrência dos SUVs compactos, que atuam na mesma faixa de preço. Por isso, ao renovar o C4 Lounge, que aparece com uma frente remodelada, a Citroën tratou de pensar globalmente. Afinal, por aqui ele manteve a média de apenas 275 unidades mensais em 2017. Daí o face-lift ter seguido o estilo do modelo C4 chinês, com um desenho mais liso, sem reentrâncias e volumes, ao gosto do consumidor oriental. Já a moldura do farol de neblina em formato de “C” remete ao design da marca na França. Além do visual renovado, o modelo produzido na fábrica argentina de El Palomar chega às concessionárias com alterações também nos equipamentos.
O sedã médio ganhou um novo painel de instrumentos, totalmente em LCD, com o velocímetro digital e os demais mostradores em barras: conta-giros, marcador de combustível e um econômetro, chamado de Eco-coaching. Quanto maior o consumo, mas barras de led ficam acesas. No console central, uma tela touch de 7 polegadas faz a interface com a central multimídia, que tem GPS próprio e faz conexão com celulares via bluetooth ou, com cabo, via Apple CarPlay, Android Auto ou Mirror Link. Nessa mesma tela, são projetadas as imagens da câmara de ré, que substituiu os sensores de obstáculos.
Visualmente, as mudanças se concentraram na frente. O friso duplo da grade, que desenha a logomarca do “double chevron”, contém as luzes diurnas em led e avança na parte superior dos faróis, como acontece no C3 Aircross. O conjunto ótico ganhou uma série de repartições com frisos cromados para separar as parábolas de farol alto e baixo e também a luz dianteira de direção. Na versão de topo, Shine, o sistema de iluminação é full led e nas demais, halógeno. Na traseira, o formato externo das lanternas e o uso de led se mantiveram, com as seções internas foram redesenhadas.
A Citroën criou uma versão para venda direta, na qual foram retirados diversos equipamentos para alcançar o preço de R$ 69.990. De série, ela traz rodas de alumínio aro 16, central multimídia de 7 polegadas, ar-condicionado automático bizona, assistência de partida em rampa, controle de cruzeiro com limitador, faróis de neblina dianteiros com iluminação lateral em curvas, computador de bordo, alarme, trio elétrico e controle de estabilidade e tração. O preço da versão intermediária, Feel, pula para R$ 93.920 e ela traz a mais rodas de alumínio aro 17, sensor de chuva e luminosidade, câmara de ré, central multimídia com GPS, revestimento em couro e airbag lateral. A versão de topo, Shine, eleva o preço em quase R$ 9 mil, para R$ 102.790, e adiciona rodas diamantadas aro 17, faróis full led, chave presencial para travas e ignição, teto solar e airbag de cabeça.
No Brasil, o motor é sempre o eficiente 1.6 THP com 165/173 cv com gasolina/etanol, com 24,5 kgfm de torque. Ele é suficiente para levar o sedã de zero a 100 km/h em 8,9/9,2 segundos com etanol/gasolina. A máxima fica em 214 km/h. As mudanças do C4 Lounge não foram radicais a ponto de recontar a história do modelo. As visuais, inclusive, apagaram um pouco do charme francês do modelo. Mas a evolução no conteúdo, sem dúvida, atualizou o sedã e melhora sua competitividade.
Primeiras impressões
Buenos Aires/Argentina – O C4 sedã faz por merece a designação Lounge. Tanto pelo espaço interno quanto pela ergonomia dos assentos. O modelo da Citroën segue, de fato, a regra clássica para um carro que quer vender a imagem de sofisticação e conforto. O isolamento acústico é bastante eficiente – até 120 km/h não há qualquer ruído aerodinâmico –, a suspensão, apesar de ter barra de torção na traseira, tem um ajuste fino impecável: filtra muito bem as irregularidades e mantém a carroceria neutra nas curvas.
O motor THP e o câmbio automático de seis marchas casam muito bem com o C4. Arrancadas e retomadas são feitas sem que o propulsor demonstre grande esforço. O que acaba se refletindo também no consumo. Segundo o InMetro, fica em 7,1/10,5 na cidade e 9,0/13,2 na estrada, com etanol/gasolina, o que rende nota A na categoria e B no geral. Os novos apetrechos eletrônicos melhoram o convívio com o sedã. Caso da chave presencial, que agiliza a entrada e a saída do veículo, do teto solar e da câmara de ré – embora os sensores de obstáculos com alerta sonoro façam falta.
Autor: Eduardo Rocha (Auto Press)
Fotos: Eduardo Rocha/CZN