A Mercedes-Benz traçou um itinerário bem específico quando decidiu adotar a tração traseira na Sprinter. A ideia da fabricante foi dar ao modelo uma versatilidade incomum no mercado. A tração traseira é bastante desejável quando a ideia é atuar no segmento de carga, embora não impeça a aplicação para passageiros. Já o mercado dá preferência a veículos com tração dianteira para o transporte de pessoas. A marca alemã pesou prós e contras e concluiu que empurrar era melhor que puxar. Para marcar as duas décadas de mercado, completadas neste ano, a Sprinter ganhou uma versão 20 anos, com diversos apetrechos que dão um brilho ao modelo, como para-choques, protetores laterais e corpo dos espelhos pintados da cor da carroceria, grade cromada, volante multifuncional, câmara de ré, ar-condicionado automático digital, etc. Serão apenas 20 unidades, entre furgões de passageiros e de carga.

Sprinter 20 anos

A aposta na tração traseira tem dado resultado. A van da Mercedes-Benz vem ganhando mercado nos últimos anos. Atualmente, a líder do mercado é a Renault Master, que neste ano emplacou de janeiro a julho cerca de 3.500 unidades. A Sprinter, no mesmo período, chegou a 3.200 unidades. A tração dianteira traz algumas vantagens, como simplicidade de manutenção e o fato de ser mais amigável com o motorista, mas a tração traseira é também superior em determinados aspectos, como maior capacidade de subida em rampa e até a possibilidade de oferecer uma versão para 20 passageiros +1 – a maior versão da Master é para 16 passageiros. As demais concorrentes com tração traseira, como Hyundai HR e Iveco Daily, atuam exclusivamente nos segmentos de carga.

Sprinter 20 anos

Tanto Sprinter quanto Master têm configurações de carga e de passageiros. E boa parte do crescimento que a Mercedes-Benz vem apresentando no segmento se deve ao fato de que a crise reduziu a demanda para o transporte de carga e ampliou a procura para transporte de passageiros. Em condições mais estáveis na economia, o setor de carga costuma responder por 60% das vendas de veículos comerciais leves – ainda mais com as limitações impostas para a circulação de caminhões em grandes cidades. Atualmente, o transporte de pessoas está dominando o setor, com 55% do total contra 45% de carga.

Sprinter 20 anos

A van pode ser montada em mais de 60 configurações diferentes, computadas todas a variações de motor, chassi, altura do teto, capacidade de carga e número de assentos. No catálogo, são 19 versões descritas. O menor furgão é da linha Furgão Street e tem 5,25 metros de comprimento. Já o maior, que é da linha Van 20+1, chega a 7,35 metros. A capacidade de carga também varia dos 1.230 kg transportados pela Street de 5,90 metros de comprimento até os 2.950 kg da Sprinter linha Chassi, de 6,85 metros de comprimento – há ainda uma quarta linha, chamada apenas de Furgão, que tem maior capacidade de carga. Apenas dois motores turbodiesel movem toda a linha, com potências de 129 cv e 146 cv.

Sprinter 20 anos

De série, a Sprinter tem controle eletrônico de estabilidade, assistência para partida em rampa, vidros elétricos, espelhos elétricos com desembaçador, trava elétrica com controle remoto e rádio com Bluetooth. Como opcionais, aparecem ar-condicionado, airbag para passageiro, volante multifuncional e controle de cruzeiro. Os preços iniciais são R$ 127 mil para a versão Chassi, R$ 148 mil para a versão Furgão Street, R$ 186 mil para a Van 15+1 e R$ 208 mil para a 20+1.

Impressões ao dirigir

Rio de Janeiro/RJ – No trajeto desenhado no Parque Olímpico, onde a Mercedes promoveu um teste drive, não havia nenhuma possibilidade de fazer uma real avaliação das qualidades dinâmicas da Sprinter, uma vez que a velocidade era controlada. A Sprinter é recheada por sistemas eletrônicos de auxílio à condução, como controle de estabilidade e tração, assistente de partida em rampa, ABS, etc. São recursos muito bem-vindos, ainda mais em um furgão com tração traseira – bem mais complicado de recuperar em uma derrapagem que um de tração dianteira. Mas são tecnologias bem manjadas, que já não impressionam ninguém. A ideia, então, foi testar o conforto ao rodar e a ergonomia na condução.

Sprinter 20 anos

Nesta avaliação, uma grande ajuda veio de um modelo velhinho, também disponível para teste. Trata-se do antecessor da Sprinter, um furgão MB180 de 1996, feito também na Argentina. Pequena, da altura de um carro de passeio, com tração dianteira, é bem divertido de dirigir em um passeio, deu um bom parâmetro de como era árduo o trabalho dos motoristas de furgão. A alavanca do câmbio é empurrada para trás por causa do motor, que fica entre os bancos dianteiros, escondido sob um capô. Para engatar a marcha, primeiro é necessário encontrá-la na imprecisa caixa de marchas. Só não se pode dizer que o som do motor invade a cabine por, na verdade, ele está lá dentro o tempo todo.

Sprinter 20 anos

Nada disso ocorre na moderna Sprinter. Para começar, o tamanho é mais próximo ao de um caminhão do que de um carro de passeio. Por dentro, ao contrário, a não ser pela posição horizontalizada do volante, não parece um veículo de trabalho. O banco traz todos os ajustes necessários e encosto tem abas projetadas para abraçar e sustentar o corpo nas curvas. E o motor a diesel, com turbo de geometria variável, mostra grande disposição para vencer a inércia, graças ao generoso torque – 31,1 kgfm ou de 33,6 kgfm, dependendo da versão. A direção é bem direta e a suspensão tem a firmeza necessária para manter o conforto sem deixar o furgão instável.


Autor: Eduardo Rocha (Auto Press)
Fotos: Divulgação