No fim dos anos 80, a Chevrolet fazia sucesso com um modelo esportivo que tinha um design totalmente estilizado e moderno. Dessa linha era o Kadett, um dos hatchs mais famosos da categoria, e que dele surgiu o Chevrolet Ipanema, carro com nome originário do latim, mas com as raízes do bairro de Ipanema, no Rio de Janeiro. Com a frente do Kadett, e uma traseira alongada, que gerava algumas críticas; o espaço e o conforto, pelo menos estavam garantidos no segmento station wagon, com esse lançamento do final dos anos 80.

A primeira série da Ipanema saiu em 1989, era a evolução das antigas Marajós, que possuíam praticamente o mesmo formato, e seguiam a linha do mix de outro veículo, contando inclusive com a frente do Chevette, e que automaticamente saíram de linha de produção no mesmo ano do lançamento da nova perua da Chevrolet.

A versão número um da Ipanema, contava apenas com duas portas, motor 1.8, com 95cv de potência, saindo nas linhas álcool ou gasolina. Não era um primor de rendimento, até pelo seu peso de aproximados 1.200kg, tinha uma autonomia de razoável para boa em estradas, mas o consumo dentro das ruas era elevado. Os primeiros lançamentos no mercado, dava a opção de dois modelos de acabamento para os consumidores, sendo os estilos: básico SL e o Top SL/E.

Chevrolet Ipanema

Para época, era uma station wagon de luxo, com características únicas e o modernismo que não era encontrado no seus principais concorrentes, a Fiat Elba e a Volkswagen Parati. Os quesitos que diferenciavam a Ipanema, e que colocava o veículo no top da categoria, estavam enquadrados nos seus traços particulares, que contemplavam sistemas elétricos (vidros, travas, retrovisores), vidros traseiros colados na carroceria, suportes embutidos para bagageiros, motor transversal, algo inovador do período, que incluía o distribuidor na ponta do comando de válvulas.

O porta-malas embutido nas costas dos bancos traseiros, em comparação com a concorrência; era amplamente superior, com capacidade de 930 litros, podendo ser ampliado para cerca de 1.850 litros ao baixar os encostos traseiros; situação que transforma o carro em um bom ambiente de descanso. A Ipanema só perde em espaço, para o outro veículo da mesma marca e estilo wagon, a Chevrolet Caravan, uma extensão do Opala.

Se por fora, a primeira e até a última versão do carro apresentava uma frente que agradava, por ser do Kadett, e uma traseira que desagradava por ser exagerada e rodas de liga leve; no interior do veículo os críticos se rendiam à tamanho luxo, que contava com volante com revestimento espumado, possuindo regulagem de posicionamento, onde o condutor ajustava de acordo com o seu conforto; os bancos com regulagem de altura, aviso sonoro de luzes acesas e até portas parcialmente abertas.

De 1989 até 1990, a Ipanema que ainda tentava conquistar seus consumidores, só teve esse estilo lançado, e a Chevrolet mantinha em projeto outros modelos com características melhoradas, mas esperava a aceitação do veículo no mercado.

Até que em 1991, foi lançada a Ipanema modelo Wave; baseado na linha europeia de veículos, que apresentava pinturas personalizadas e diferentes das produções nacionais; essa linha chegava com traços do Kadett Turim. Apesar do carro ter um formato gráfico externo com mudanças com relação ao primeiro lançamento, no interior e propriamente no motor, nenhuma alteração foi feita.

Em 1992, a promessa de mudanças foi confirmada, e foi lançado o modelo EFI, que ganhou motor com injeção eletrônica, em sistema monoponto (apenas um bico injetor); garantindo maior potência, passando dos antigos 95cv, para 98cv na linha gasolina e 99cv na linha álcool. No interior foram realizados apenas alguns ajustes, como a inclusão de uma luz para troca de marchas, algo já pertencente ao pacote eletrônico, e os bancos que ganharam encostos de cabeças vazados, uma tendência dos veículos naquele ano.

Em 1993, seguindo a sequência de evoluções, chega ao mercado a série Ipanema Sol, que já conta com motor 2.0, ainda mais silencioso; ganhando potência para um desempenho melhor, passando a ter 110cv, refrescando o consumo, e fazendo um equilíbrio regular sobre seus 1.200kg. Esse modelo foi o primeiro a vir com quatro portas, com travas em pinos à mostra perto do vidro; saindo das antigas travas que ficavam localizadas ao lado das maçanetas.

Chevrolet Ipanema

No ano de 1994, algumas combinações com o Kadett que ganhava quesitos especiais, passam à ser repassados para a Ipanema, que com isso a primeira alteração feita, foi no nome, que de SL é alçado aos novos GL e GLS, que enquadrou os quesitos no modelo Flair, com motor 2.0, caracterizado a partir das peças do Kadett. No interior, foram feitas mudanças significativas, incluindo um novo painel de instrumentos, com acabamento melhor localizado e moderno, porta-luvas reestruturado dos problemas que os modelos anteriores apresentavam, controles do vidro realocados para as portas, saindo do sistema central que ficava ao lado do freio de mão. Mudanças que faziam da Ipanema soberana sobre os concorrentes, mas que já apresentava alguns problemas nas vendas, e o sucesso dos anos anteriores não era o mesmo, o que fez a Chevrolet iniciar os estudos para um novo projeto.

O reflexo de que os problemas começavam a aparecer, foi realmente exposto no ano de 1995, que não apresentou nenhuma modificação para a série, como já acontecia nos anos anteriores. Nos bastidores era especulado uma renovação de tendências, inclusive com o lançamento de um novo carro no mercado. A concorrência que sofreu quando a Ipanema foi lançada, começava a se mexer; e tanto a Volks, quanto a Fiat, já tinham novos projetos concluídos para o segmento station wagon. A Fiat preparava o lançamento do Palio Weekend, e a Volkswagen uma nova cara da Parati, que ficaria conhecida como geração II.

Ainda com os estudos em andamento, e a linha de produção ativa com os modelos antigos; foi feita uma última tentativa de recolocar a Ipanema no caminho do sucesso. Junto com o Kadett que já tinha programada sua nova aparência; foi anunciada uma nova cara para a Ipanema no ano de 1996, o que novamente haveria uma mudança na nomenclatura; era o fim do GLS. Nesse novo design externo, os para-choques ficaram mais arredondados, e com a cor original do veículo em todas as suas novas versões; as lanternas traseiras ganharam cores escuras, conhecidas como fumê; e além das características de pinturas e acessórios; novas estruturas foram adicionadas, e os pneus aumentaram de medida, sendo 175/70 R13 para as versões sem direção hidráulica, e 185/70 R13 para as versões com direção hidráulica.

Chevrolet Ipanema - Propaganda

No interior, com a nova estilização não aconteceram mudanças drásticas, e que se resumiu à um volante de três raios. Nos outros acessórios, permaneceram os mesmos da versão Flair. No mesmo ano da última cartada da Chevrolet, a Volkswagen reestruturou a Parati, levando um outro conceito tecnológico ao mercado, desbancando ainda mais as vendas da Ipanema. E para terminar de vez com o ciclo do carro que foi o grande luxo do início dos anos 90, a Fiat soltou no mercado o Palio Weekend, que assumiu o posto número um do segmento wagon. Sem grandes vendas, a Chevrolet encerrou a linha produtiva da Ipanema em 1997, anunciando a chegada do seu substituto, o Corsa Wagon.

Ficha Técnica

Partindo do quesito evolução, veja as especificações técnicas de uma das primeiras versões da Ipanema, e de sua última versão:

Ipanema SL/E 1.8

  • Ano: 1991;
  • Combustível: Gasolina / Álcool – Duas versões à venda na época;
  • Configuração: Station Wagon;
  • Procedência: Nacional
  • Peso: 1.200kg;
  • Cilindrada: 1796cc;
  • Porte: Médio
  • Porta-malas: 930 litros expansível;
  • Tanque: 47 litros
  • Tração: Dianteira;
  • Aceleração de 0-100km/h: 13,37s;
  • Velocidade Máxima: 158 km/h;
  • Torque: 14,3 kgfm a 3000 rpm;
  • Potência: 95cv a 5800 rpm;
  • Consumo Urbano: 8,91 km/L;
  • Consumo em Estrada: 13,32 km/L;
  • Potência Específica: 52,90 cv/L;
  • Relação Peso/Potência: 11,58 kg/cv;
  • Torque Específico: 7,96 kgfm/L;
  • Relação Peso/Torque: 76,92 kg/kgfm;
  • Câmbio: Manual de 5 marchas;
  • Classificação de conforto: Nível 2;
  • Classificação de Manutenção: Nível 4.

Ipanema GL 2.0

  • Posição e cilindros: Transversal, 4 em linha;
  • Comando e válvulas por cilindro: No cabeçote, 2;
  • Diâmetro e Curso: 86 x 86 mm;
  • Cilindrada: 1.998cc;
  • Taxa de Compressão: 9,2:1;
  • Potência Máxima: 110cv a 5.600 rpm;
  • Torque Máximo: 16,6 m.kgf a 3.200 rpm;
  • Alimentação: Injeção eletrônica monoponto;
  • Freios: Dianteiro: A disco ventilado – Traseiro: a tambor;
  • Direção: Hidráulica;
  • Câmbio: Manual, de 5 marchas;
  • Tração: Dianteira;
  • Peso: 1.060kg;
  • Rodas/Pneus: Rodas 13 de liga leve, para o pneu 185/70;
  • Dimensões: Comprimento de 4,34 x entre-eixos de 2,52 m;
  • Aceleração de 0-100km/h: 11,5s;
  • Aceleração Máxima: 180km/h;
  • Consumo Urbano: 8 km/L;
  • Consumo em Estrada: 15 km/L;
  • Classificação de conforto: Nível 2;
  • Classificação de Manutenção: Nível 4.

Prós e contras da Ipanema no mercado

Com as novas opções para financiar, e as inúmeras facilidades para se comprar um carro zero km, o mercado de usados caiu vertiginosamente; as revendas não conseguem obter mais grandes lucros com veículos que passaram da casa dos dez anos de fabricação, uma vez que, peças começam a sair de linha, manutenções ficam cada vez mais caras, e o desempenho dos carros nunca é o mesmo.

No caso da Ipanema, ainda é possível encontrar alguns modelos em bom estado, principal se for de mercados auxiliares, como os particulares. Mas na hora de arrematar, é preciso um certo cuidado para adquirir um veículo já tão baqueado pelo tempo. Algo que em uma possível revenda, pode ser uma tarefa bastante complicada, e ficar encalhado com um carro que não apresenta um desempenho satisfatório.

A Ipanema, mesmo com o passar dos anos, por ser um veículo Chevrolet, ainda é possível fazer bons negócios, por conta de uma manutenção mesmo que ultrapassada, não tão cara, a quantidade de peças e acessórios originais e similares tem fácil aceitação de mercado, e com isso são encontrados com maior facilidade para todos os modelos (Básico, Top, SL, GL), em comparação com outros casos.

O design do carro para os tempos modernos de veículos mais compactos, não é favorável, sendo considerado um carro para quem precisar carregar uma série de objetos, tanto no seu interior, quanto no suporte para bagagens no teto. O consumo do carro não é baixo, mesmo tendo todos os recursos necessários de um carro com injeção eletrônica, e isso se dá por conta de sua relação peso/potência, onde há uma desproporção bastante avantajada, que segura o carro nos seus estágios.

Nos aspecto internos, durante todo o seu processo evolutivo, foram feitas correções em peças que geralmente quebravam sem muitos esforços, e melhoraram bastante as questões do porta-luvas e bancos que emperravam com facilidade.

Nas opções técnicas de motor e direção, por conta das depreciações que o tempo causa no veículo, é sempre bom acionar um mecânico, para analisar algumas peças que sempre foram razões de muitos problemas na Ipanema, como: A coluna de direção, que apresenta problemas de folga na cruzeta, em todos os períodos do carro, com pouca ou muita quilometragem; as molas a gás da tampa traseira, que tem desgaste excessivo e não foi corrigido durante as atualizações da Ipanema, que muito pesada, causa problemas nessa peça; e a fumaça expelida pelo escape é uma ação do tempo, que sempre são identificados como anomalias em retentores de válvula e anéis.

Além de uma opção de carro para trabalhar, é um veículo com excelente conforto para viagens longas, se tiver com a manutenção em dia; tendo um desempenho excelente. Possuí um porta-malas robusto, pode-se carregar muitos acessórios, malas; outro fator é a troca de combustível, com dispositivos autorizados, a Ipanema faz uma aceitação muito boa, garantindo desempenhos semelhantes em todas as linhas, seja elas gás, gasolina ou álcool.

Os preços atuais da Ipanema, variam de acordo com o ano e os modelos; podendo ser encontrados com valores a partir de R$ 6.200, chegando até R$ 9.500. Nessa faixa são os preços justos, para modelos sem nenhum tipo de personalização, e com conservação em bom estado, apresentados em tabela. Porém, é possível encontrar em vendas particulares, feirões, com preços ainda mais baixos que o mínimo, e preços mais altos que o máximo estipulado pela FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).